Design Thinking nos Recursos Humanos: Como aplicar e porquê?
28 de Março, 2024
Uma parte absolutamente determinante do sucesso e da competitividade das organizações depende da sua capacidade de envolver e reter o seu capital humano. Para isso, os responsáveis de recursos humanos devem estar preparados para abrir mão de visões e processos obsoletos e para incorporar ferramentas e abordagens mais alinhadas com o atual mundo do trabalho.
Uma dessas abordagens é o design thinking. Venha descobrir connosco o que é o design thinking, como pode ser aplicado aos recursos humanos e porque é que pode ter um impacto muito positivo nesta área.
O que é o design thinking?
O design thinking é uma abordagem centrada nas pessoas que consiste em encontrar soluções com base nas necessidades dos stakeholders envolvidos. O foco não é o desafio ou o problema em si, mas sim quem está a ser impactado por ele.
De forma simples, o design thinking coloca o foco nas pessoas e na sua experiência, ao invés de se centrar nos processos. É por isso que um dos cinco pilares do design thinking é a empatia.
Quais os cinco princípios do design thinking?
O design thinking está alicerçado em cinco pilares:
- Empatia: consiste em entender a experiência das pessoas, em olhar para um determinado tema da sua perspetiva, com o objetivo de tentar encontrar uma resposta relevante e efetiva para as suas necessidades.
- Colaboração: contar com diversas ideias e pontos de vista permite ter um entendimento mais sólido e abrangente das necessidades, pelo que o design thinking é uma abordagem que se pretende colaborativa.
- Ideação: as necessidades das pessoas estão em constante evolução e, por isso, é fundamental criar um espaço seguro no qual as pessoas sintam que podem partilhar regularmente novas ideias.
- Experimentação: o design thinking está muito associado à ideia de testar, errar e voltar a tentar com base no feedback recolhido.
- Ação: sendo uma abordagem que pretende colocar ideias em prática com vista à resolução de problemas, é necessário colocar mãos à obra, ao invés de passar demasiado tempo a discutir a viabilidade das medidas.
Tendo como base estes cinco princípios, os processos que envolvem design thinking são tipicamente desenvolvidos em cinco fases:
- Empatizar: conhecer as necessidades reais das pessoas (participar nas suas atividades, recolher feedback).
- Definir: usar o feedback recolhido para formular o problema de forma simples e compreensível. Este deve ser formulado do ponto de vista da pessoa e não do ponto de vista da organização.
- Idear: realizar brainstormings, num ambiente que promova a criatividade e desencoraje os julgamentos, com o objetivo de encontrar potenciais soluções para o problema.
- Prototipar: criar um modelo que permita projetar a execução das medidas exploradas – por exemplo, um piloto ou um teste junto de um pequeno grupo – de forma a avaliar a sua viabilidade e efetividade.
- Testar: testar as soluções fora de “ambientes controlados” para analisar o que é que funciona bem e o que é que precisa de ser melhorado ou ajustado. O objetivo final é a validação da solução por parte dos stakeholders em causa.
Como é que o design thinking pode ser aplicado aos recursos humanos?
O próprio nome “recursos humanos” encerra em si o cerne da questão: o facto de as empresas serem constituídas por pessoas. Pessoas que têm as suas especificidades, as suas metas, expetativas e necessidades.
Neste sentido, o essencial das funções dos profissionais de RH já deve ser entender as pessoas, entender o ambiente de trabalho e os desafios que o compõem. E isto está profundamente ligado ao design thinking. Ao priorizar a perspetiva das pessoas, o design thinking pode ajudar a otimizar toda a experiência dos colaboradores.
Assim, algumas das áreas às quais o design thinking pode ser aplicado são:
1 – Recrutamento e onboarding
Procure conhecer a experiência que os candidatos têm num processo de recrutamento para a sua empresa. Em paralelo, procure também saber quais são as necessidades dos colaboradores recém-contratados para que se adaptem e sintam acolhidos.
Ao recolher feedback nestes dois momentos, cruciais para moldar a perceção dos profissionais em relação à sua organização, pode propor e testar soluções que permitam otimizar a experiência.
2 – Desenvolvimento profissional
Recorra ao design thinking para traçar e personalizar planos de desenvolvimento de carreira. Compreenda as necessidades e objetivos dos diferentes colaboradores e, com base nisso, disponibilize oportunidades de crescimento profissional flexíveis, relevantes e adaptáveis.
3 – Gestão de desempenho
A gestão de desempenho pressupõe que o trabalho desenvolvido pelos colaboradores está alinhado com os objetivos de negócio da empresa.
Neste sentido, uma abordagem de design thinking pode ajudar os responsáveis de RH e os líderes a definir objetivos claros e precisos e a desenhar planos que incentivem o bom desempenho e a produtividade.
4 – Diversidade e inclusão
O design thinking também pode ser usado para reduzir eventuais preconceitos inconscientes no recrutamento e para encontrar estratégias para atrair talentos mais diversos.
Além disso, também pode ajudar a desenhar uma cultura organizacional mais inclusiva que, na prática, melhore a experiência de minorias ou grupos marginalizados e celebre efetivamente a diversidade.
5 – Remuneração e benefícios
A empatia adjacente ao design thinking deve ajudar os responsáveis de RH e os gestores a compreender o contexto socioeconómico no qual os trabalhadores estão inseridos, a considerar as suas necessidades e eventuais dificuldades e a priorizar o seu bem-estar financeiro.
Por sua vez, a fase de ideação deve contribuir para analisar possíveis soluções, quer seja ao nível do vencimento ou dos benefícios extrassalariais que ajudam a melhorar a proposta de valor para os colaboradores.
Benefícios do design thinking nos recursos humanos
Aplicar o design thinking aos processos de RH implica estar realmente interessado e comprometido com a resposta à seguinte pergunta: “o que é preciso fazer para garantir uma boa experiência dos profissionais desde que entram na empresa até ao momento em que saem?”.
A partir do momento em que os departamentos de recursos humanos baseiam as suas decisões e medidas nas necessidades das pessoas, em detrimento de palpites ou opiniões, o impacto na experiência e no envolvimento dos colaboradores é notório.
Alguns dos benefícios são:
- Melhorar o envolvimento, a satisfação e a produtividade;
- Desenvolver planos de formação profissional e de desenvolvimento de carreira relevantes e efetivos;
- Definir políticas de benefícios extrassalariais competitivas e atrativas;
- Reduzir o turnover e o absentismo;
- Otimizar os processos de recrutamento e seleção;
- Consolidar a comunicação interna e a cultura organizacional;
- Melhorar o employer branding;
- Promover a inovação.
Em suma, o design thinking tem o potencial de reinventar os recursos humanos e a crescente adoção deste modelo por parte de muitas organizações reforça a sua importância e o seu valor.